ESPAÇO VIRTUAL DA TURMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CURSO DE CULTURA
PERNAMBUCANA DA FAFIRE - FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE




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SEMINÁRIO CULTURAL - TEATRO BRASIL COLÔNIA


Disciplina: TEATRO EM PERNAMBUCO

Registro Fotográfico das atividades em sala de aula sobre pesquisa realizada pelos graduandos Marlova Dornelles e Sávio Araújo baseado no artigo O TEATRO NO BRASIL COLÔNIA de Edwaldo Cafezeiro

O TEATRO NO BRASIL COLÔNIA
Por Marlova Dornelles

O teatro chegou ao Brasil tão cedo ou tão tarde quanto se desejar. Se por teatro entendermos espetáculos amadores isolados, de fins reli­giosos ou comemorativos, o seu aparecimento coincide com a formação da própria nacionalidade, tendo surgido com a catequese das tribos indígenas feita pelos missionários da recém-fundada Companhia de Jesus. Se, no entanto, para conferir ao conceito a sua plena expressão, exigirmos que haja uma certa continuidade de palco, com escritores, atores e público relativamente está­veis, então o teatro só terá nascido alguns anos após a Independência, na terceira década do século XIX.


Entre os projetos que os jesuítas traziam de Portugal. ao criar a Província do Brasil em 1552, logo estaria o de realizar representações escolares que, reafirman­do o ponto de vista católico contra os protestantes, na linha da Contra-Reforma, dessem ainda aos alunos de seus colégios a oportunidade de praticar o latim, a exemplo do que se fazia na Europa. A precariedade cultural do Brasil, todavia, nesses bravios tempos de colonização em que os próprios idiomas europeus podiam figurar como estrangeiros, levou os responsáveis pela Companhia a transigir, admitindo em seus espetáculos, ao lado do português e do espanhol, até mesmo o tupi, ou língua geral, a única capaz de atrair aquela porção do público, a indígena, que mais interessava aos jesuítas conquistar.

Se já em 1557 o padre Manuel da Nóbrega, o primeiro provincial do Brasil, escreve um diálogo sobre a conversão do gentio, o teatro propriamente dito vai expandir-se sobretudo a partir de 1567 (data aproximada), quando o padre José de Anchieta, por sugestão de Nóbrega, faz representar em São Paulo de Piratininga uma peça intitulada (por motivos que só podemos conjeturar) Pregação universal, da qual não sobrevivem mais do que duas estrofes. Entre esse modesto início e o final do século, alguns historiadores, valendo-se de referências passageiras, chegam a enumerar vinte e cinco espetáculos, incluindo-se neles peças e simples diálogos, montados pelos jesuítas ~. Número certamente significativo, mas que devemos dispersar não só por algumas décadas como por meia dúzia de postos avançados da civilização cristã. A Companhia de Jesus mantinha “escolas de ler e escrever” ou colégios de humanidades em Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Vicente e São Paulo (“sertão e cabo do mundo”, no dizer do padre Fernão Cardim2, porque era a única vila afastada da orla atlântica). Todo esse pequeno acervo dramático estaria provavelmente perdido não fossem certas circunstâncias bastante especiais, como veremos, terem conservado oito textos, todos eles, de resto, atribuídos a um único autor, José de Anchieta (15341 59’7).

Porém, antes de analisar tais peças, convém, para melhor compreendê-las, delinear, ainda que um tanto obliquamente, as condições em que elas puderam germinar, até chegar ao palco, ou a algo semelhante. Sobre esse ponto contamos afortunadamente com um testemunho idôneo e explícito: a carta que o padre Cardim endereçou a Lisboa em 1585, relatando a viagem de inspeção que vinha fazendo havia já dois anos na Província do Brasil, na qualidade de secretário do padre visitador Cristóvão Gouveia. Por onde passava a ilustre comitiva, que tinha caráter quase oficial, era recebida num ambiente de grande festividade, com muita comedoria, muita música vocal e instrumental (dentro dos limites da colônia) e também algum teatro. Fora, claro está, as cerimônias religiosas, organizadas, geralmente, em torno das preciosas relíquias — uma cabeça das Onze Mil Virgens, um braço de São Sebastião — , que a Companhia enviará à colônia, para reforço da fé e prova de consideração. Impressiona. no relato espontâneo de Cardim, o grau de interpenetração existente entre arte e religião, bem como o ambiente de confraternização estabelecido por tais festas entre a cultura européia e a cultura indígena, quando se tratava, bem entendido, de tribos já cristianizadas e amigas dos jesuítas.



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Bibliografia


CACCIAGLIA, Mário. Pequena história do teatro no Brasil. Trad. por Carla de Queiroz. São Paulo: T. A. QueirozlEdusp. 1986.

AFEZEIRO, Edwaldo. O teatro no Brasil colônia. Dionysios, Rio de Janeiro, v. XXV, n. 18, p. 49-62.





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