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Literária
CANTIGA
DA LUCIDEZ INDESEJADA
Poema escrito em uma das raras publicações de Ladjane.
O Livro CANTIGAS - 2a edição - publicado em Recife,
em 1957 foi dedicado a Esmaragdo Marroquim, Mauro Mota, Carlos
Moreira, Padre Daniel Lima, Olimpio Costa Júnior, Benício
W. Dias.
Meu
Deus, não me faças lúcida
Que teus pássaros não são.
Se quiseres serei fada
Como a que vi desenhada
No livro do meu irmão.
Mas só não me faças lúcida
Que meus desejos não são.
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Também
não me tornes anjo
Que as asas me pesariam
Eu buscaria nas flores
A causa dos meus ardores
E as flores me negariam.
Entao não me tornes anjo
Que as flores me perderiam.
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As
estrelas moram longe
Mas eu não quero as estrelas
Dá-me os pássaros e o rio
Dá-me as estações do estio
Que eu seu pra que vou quere-las
Que aquelas que moram longe
Eu me contento com ve-las.
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Mas
não, não me faças santa
Que eu não poderia ser
É preciso Ter crescido
Ter pecado e arrependido:
É fazer pra desfazer.
Ai, não, não me faças santa
Que eu nem sei o que é viver
E dizem que pra ser santa
A gente morre pra vida
Mas eu não quero morrer.
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Meu
deus, não me faças lúcida
Que meus receios não são
E nem des as estrelas
Deixa, pois, que por sofre-las
As tenhas sofrido em vao.
Mas nunca me faças lucida
Que meus desejos não são.
E não me ponhas aureola
Que por usa-la constante
Me daria obrigação.
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