I
A
SOMBRA CÓSMICA
De um radical hemisfério
Brota um silêncio
sem terra
que flutuando invadimos.
Impondo-nos mão protetora
ele se fez nosso augúrio
no construtivo envolver-nos
já quase astrais continentes.
Nautas e consumidores
senhores condescendendo
achegamo-nos gratuitos.
|
II
A LUZ NO COSMOS
De outro
hemisfério,
o oposto
dentro do sonho primário
de luz contida no vácuo
esse lugar onde as sombras
guardam-se imunes e virgens
mais cruéis do que românticas
a sensação dolorosa
de uma profunda alegria
ante o universo incriado.
|
III
FRUIÇÃO DO TODO
Insatisfeito vestíramos
esse corpo transitável
misticamente sofrido
em consciência oceânica
sabendo que à nossa volta
clarividente há um Todo
vertendo seu todo em nós
|
IV
A
BAGAGEM METAFÍSICA
Que somos?
Um conhecer audacioso
o transitar mais complexo ?
Um repensar sem imagens
e sem transitoriedade
como se não existisse
a contingência sutil
do devir que suportamos
bagagem corporal ?
Por que
essa punição tanática
à exaltação do Princípio
redescoberto na forma
e Conteúdo que somos?
Para que
a grandeza da coragem
e o espanto em suportar
conscientes e ajustados
tão fundamente o espanto ? |
V
CONSCIÊNCIA
TANÁTICA
Disso decorre o depois
do “Mare Tranquillitatis” .
A necessária experiência
que havíamos construído
ao fascínio do “por que?”
O transcedente desejo
de que a vida em si riscasse
o que à final Vida fere
no ritmo do seu poema.
Num tal depois cresce claro
um confiar em que o mundo
seja um cristal lendo ao sol
seu mais íntimo arco-íris.
|
VI
PLENITUDE
ÔNTICA
Nesse passo
se compôs a plenitude
do melhor que nós trouxemos
do “Mare Tranquillitatis”
no turbilhão do regresso
à face extrema da Terra
deixada sem relutância.
|